Literatura e Língua Portuguesa

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Quem disse que ler não é divertido?

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domingo, 11 de julho de 2010

Literatura de cordel

Afinal, a chamada literatura de cordel, no Brasil, não morreu; está completando cerca de cem anos bem vividos. Esse gênero de poesia popular impressa, que ocorre especialmente no nordeste, passou a ser valorizado por brasileiros depois de um artigo de Orígenes Lessa na revista Anhembi, publicado em dezembro de 1955, e talvez principalmente depois de outro artigo, do estudioso francês Raymond Cantel, publicado no Le Monde de 21 de junho de 1969. A partir de inícios da década de 70, o assunto virou coqueluche para estudiosos brasileiros, formando-se considerável bibliografia em que se incluem teses e mais teses. Também muitos artigos foram publicados, inclusive de interessados de última hora que se precipitaram em afirmar, de pés juntos, o fim do cordel. Vinte anos depois, podemos observar que — a despeito de estar implícito no dinamismo sócio-cultural o possível desaparecimento de traços folclóricos — o cordel continua vivinho da silva. Até virou souvenir para paulistas, cariocas, mineiros, gaúchos em passeio por feiras nordestinas ou em centros de turismo como o Pátio de São Pedro (Recife), a Emcetur (Fortaleza), o Mercado Modelo (Salvador) e outros locais. O estudioso Joseph M. Luyten calcula em 100 mil títulos editados, o que é apenas uma estimativa. Quanto ao total de exemplares, quem pode saber ao certo?

Além da previsão apressada da morte dos livretos populares, o interesse repentino e a falta de embasamento e pesquisa levou à mudança de nome do fato. Vejamos: no contexto popular onde os livretos são criados, vendidos e lidos, o nome anterior e ainda vigente é “folheto” ou “folheto de trovador” (com 8 páginas, cerca de 11x16cm), pois seus autores sempre se auto-denominaram trovadores. Ou então “romance”, “história” quando a narrativa é mais longa e exige 16, 32 ou mais páginas. A denominação cordel tem origem erudita, influência de Portugal, e acabou chegando ao vocabulário dos autores populares. Criou-se também este ou aquele neologismo, como “cordelista” e “cordelismo”, que estão longe do padrão terminológico popular.
Veja mais em:http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://singrandohorizontes.files.wordpress.com/2008/11/literatura-de-cordel-foto.jpg&imgrefurl=http://singrandohorizontes.wordpress.com/2008/11/23/americo-pellegrini-filho-literatura-de-cordel-continua-viva-no-brasil/&usg=__afVpi5HdivBlJ3JmgGKriCJi-R8=&h=300&w=400&sz=21&hl=pt-BR&start=9&itbs=1&tbnid=uEjwnnjEIgQTFM:&tbnh=93&tbnw=124&prev=/images%3Fq%3Dliteratura%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DG%26gbv%3D2%26tbs%3Disch:1

Um comentário:

  1. Olá Edilaine!
    Lembro minha adolescência, quando morava em Salvador/BA e algumas pessoas vendiam essa literatura de cordel nas calçadas. Passava em frente mas não tinha coragem de me aproximar, era meu caminho de escola e sempre haviam pessoas comprando, folheando. Após muito tempo um amigo meu, trovador, me presenteou com uma obra de sua autoria. Confesso que me atraiu muito o jeito de escrever, sem pretensões com a linguagem culta, mas ao mesmo tempo com profundidade de sentimentos e amor à escrita. Abração!

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